Parashá da Semana

Parashá da Semana

Trumá

Pelo rabino Reuven Tradburks

A Parasha Trumá tem apenas um tema: as instruções para a construção do Mishkan (Tabernáculo). Moisés pede contribuições de materiais. São dadas instruções para a construção do Aron (armário) para guardar as tábuas com os dez mandamentos, para a construção das mesas nas quais os pães serão colocados, a Menorá, a cobertura do Tabernáculo, a construção do Tabernáculo, o altar para as ofertas no pátio do Mishkan e no pátio ao redor do Mishkan.

1ª Aliá (25: 1-16) Moisés é instruído a dizer ao povo que doe materiais: ouro, prata, cobre, tecidos, peles de animais, azeite, incenso e joias. Construam para Mim um santuário e habitarei entre vós. Constrói um Aron: madeira revestida de ouro, postes para o carregar. E coloca no Aron as tábuas que vou te dar.

A Torá descreve o Tabernáculo como um lugar para D’us morar entre o povo judeu. Como o Eterno, o Infinito, mora entre as pessoas, é assunto para os filósofos. Mas se encaixa perfeitamente no fluxo da narrativa da Torá. No alcance de D’us em direção ao povo, Ele fica cada vez mais perto. Ele cria um mundo. Inicia contato com Adão e Eva, com Caim e com Noé. Mas os pecados deles causaram o exílio de junto Dele: Adão e Eva banidos do Jardim, Caim para vaguear pelo mundo, a Torre de Babel espalhando os povos. Quando Ele inicia contato com Abraão, é para aproximá-lo, prometendo-lhe a Terra. Então ele intervém na natureza para libertar o povo do Egito, dividindo o mar; Ele foi muito além de apenas falar com o povo; agora, em vez disso, colocou o braço em volta de todo o povo judeu. Então o véu foi removido, quando Ele falou a todas as pessoas no Sinai. O próximo passo natural é um lugar para habitar constantemente na Terra, não apenas de vez em quando. É comparado à relação entre um homem e uma mulher: iniciar uma conversa, fazer uma promessa e um compromisso, ajudar e apoiar um ao outro, um contato próximo e íntimo como no Sinai e depois em uma casa.

2ª Aliá (25: 17-30) Cobre o Aron com uma cobertura de ouro, da qual dois anjos ficarão cara a cara com as asas estendidas. Eu vou encontrar-Me e falar lá contigo, de entre os anjos que estão no Aron. Constrói uma mesa banhada a ouro com varas para a transportar. Aí ficará permanentemente o Lechem Hapanim (Pão).

A essência de D’us, presente no Tabernáculo, é equilibrada pela quantidade de coberturas. As tábuas dos Dez Mandamentos devem ser seladas no Aron, cobertas e escondidas no Lugar Santíssimo. Para nunca serem vistas. As luchot (tábuas) são o símbolo de nossa comunicação com D’us. Eu as teria pegado, colocado em cima de um pedestal e exposto nos lugares mais públicos. E no entanto, é feito o oposto da exibição pública. Coloca-as no Aron, coberto, localizado dentro do Lugar Santíssimo que está escondido por uma cortina e onde ninguém pode entrar, exceto um Cohen Gadol (Sumo Sacerdote), apenas uma vez por ano. Apenas uma pessoa por ano poderá ver o Aron, embora certamente não as tábuas.

A essência de D’us no Mishkan é contraposta pelo mistério da transcendência; a incapacidade do Homem de compreender Sua natureza precisamente cobrindo o que Sua intimidade simboliza: as tábuas dos Dez Mandamentos. Ele está perto e ainda escondido. Habitando entre vós e ainda assim inatingível. Presente e ainda assim impercetível.

3ª Aliá (25: 31-26: 14) Forma uma Menorá de ouro maciço, com vasos, botões e flores, com sete luzes. Molda-a da maneira que viste no Sinai. Faz cortinas de tecido tchelet, roxo e vermelho com querubins. Essas cortinas longas devem cobrir todo o Mishkan, o teto e as laterais da construção. Elas devem ser feitas em seções e depois colocadas juntas. Além disso, faz cortinas de pelo de cabra. E por cima, uma cobertura de peles vermelhas de carneiro e tachash *.  

O Mishkan consiste em uma edificação coberta por três tetos. No interior da construção, na sala mais interna, no Lugar Santíssimo, está o Arón, escondido por uma cortina. Fora desta cortina está a mesa com os pães, a Menorá e um altar para incenso. (Esses detalhes são descritos nas seguintes aliot.) Tudo isso coberto por três cortinas. Essas cortinas formam a cobertura do edifício. O primeiro conjunto de cortinas é tecido de lã colorida com um desenho de anjos. Várias cortinas são colocadas desde o chão em um dos lados da construção, passando por cima do teto e descendo pelo lado oposto quase até o chão. O segundo conjunto de cortinas é feito de pelo de cabra. Estas foram colocadas no topo do primeiro jogo, cobrindo-o completamente e chegando mais perto do solo. O primeiro conjunto de lindas cortinas tecidas não era de todo visível para quem estava fora do Tabernáculo. Essas cortinas eram vistas apenas pelos Cohanim (sacerdotes) que entravam no Mishkan. O terceiro conjunto de cortinas de couro ou pele ficava acima do pelo de cabra preto.

Essas cortinas reforçam a privacidade e a natureza reservada do Mishkan.

4ª Aliá (26: 15-30) Faz painéis de madeira revestidos de ouro. Eles ficarão assentes em bases de prata. A série de painéis revestidos de ouro terá um total de 30 amot nas laterais. Uma das pontas terá 10 amot destes painéis.

Os Kohanim eram autorizados a entrar neste Mishkan. Eles viam paredes douradas e as cortinas coloridas tecidas com o desenho de anjos.

5 ª Aliá (26: 31-37) Em seguida, faça um parochet, uma cortina tecida de lã colorida com o desenho de um anjo. Isso separará o Lugar Santíssimo da área externa. O Aron ficará no Lugar Santíssimo. A mesa e a Menorá estarão fora desta cortina. A entrada da edificação no extremo oposto do Lugar Santíssimo também terá uma cortina tecida como parede.

O Aron não era visível para os Kohanim, estava escondido atrás da cortina tecida com o desenho do anjo. Eles veriam a Menorá e a Mesa com os pães, bem como um altar para incenso (ainda não descrito).

Pode-se ver isso como uma casa minimalista: luz, comida, mesa. E o lugar interno, privado, onde o Eterno mora.  

Este parochet, ou cortina, é feito de lã colorida tecida com um padrão de querubins ou anjos. Este mesmo desenho de lã trançada com querubins ou anjos para a cortina à entrada do Tabernáculo. E o mesmo desenho com querubins é usado para as cortinas que cobrem todo o Mishkan e são visíveis de dentro. Qual é a aparência destes querubins?

A cobertura do Tabernáculo completo e do parochet na frente do Lugar Santíssimo tinha um desenho diferente nas duas faces da cortina. De um lado estava um anjo com asas que parecia uma águia. Do outro lado estava um anjo com asas que parecia um leão. A cortina na entrada do Tabernáculo tinha apenas o desenho de anjo-leão em ambos os lados.

6ª Aliá (27: 1-8) Faz um altar de cinco amot quadrados com chifres em seus cantos, coberto com cobre. Todos os utensílios, recipientes, pás, potes e garfos serão feitos de cobre. Os postes de madeira revestidos de cobre são colocados em aros para transportar o altar.

Uma amá, ou cúbito, é a medida que existe desde o cotovelo até à ponta dos dedos. É aproximadamente meio metro. O altar é bastante maior do que qualquer outro objeto do Tabernáculo.

Este altar está localizado fora do edifício do Tabernáculo que continha a Menorá, a mesa, o altar para o incenso e o Lugar Santíssimo com o Aron. O altar está no grande pátio descrito na próxima aliá. Enquanto o edifício do Mishkan era completamente coberto, este altar e a área do pátio eram abertos sob o céu.

7ª. Aliá (27: 9-19) Faz cortinas de linho fino branco para o pátio ao redor do Tabernáculo. As cortinas devem ser penduradas em postes. O pátio deve ter 100 amot de comprimento e 50 amot de largura. A cortina da entrada do pátio deve ser elaborada de lã colorida.

A estrutura estática do Mishkan está completa. Há muito simbolismo no Aron, na Mesa, na Menorá, no Altar, nenhum dos quais mencionámos. Nossa ênfase estava na tensão inerente ao contato entre o Homem e D’us em um lugar terreno. Essa tensão é comunicada através das coberturas, uma forma simbólica de comunicar uma mensagem da experiência do sublime, misterioso, oculto, indescritível, do contato do Divino com o terreno.

* Tachash- Segundo Rashi, era um animal de várias cores que existia naquela época.

Parashá Zakhor (Devarim 25: 17-19)

No Shabat antes de Purim, lemos a Parashat Zakhor. O versículo diz que devemos lembrar o que Amalek nos fez, quando atacou os mais fracos entre vós quando estavam cansados ​​e não temeu a D’us. A palavra lembrar é considerada uma mitzvah, não apenas um bom conselho. Ler esses três versículos cumpre o requisito de narrar o que Amalek fez pelo menos uma vez por ano.

Rav Reuven Tradburks é o Diretor do Machon Milton, o curso de preparação para a conversão em inglês, uma parceria do Rabbinical Council of America (RCA) e da Shavei Israel. Rav Tradburks também é Diretor Regional para Israel da RCA. Antes da sua aliá, Rav Tradburks trabalhou durante 10 anos como Diretor do Tribunal de Conversão do Vaad Harabonim de Toronto, e foi rabino comunitário em Toronto e nos Estados Unidos.

 

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